Wednesday, September 16, 2009

Tuesday, September 01, 2009

Massacre no Metro de Lisboa

Sair de casa para uma inscrição na faculdade de letras já é mau o suficiente. Desta vez bateu recordes. Para começar os dados da carta que recebi em casa eram contraditórios, ficando eu sem saber se precisava de pagar a inscrição na altura, ou só em Outubro. Contudo, às 14:30 lá estava pronto para me inscrever na última cadeira para acabar o curso. Um amigo meu, estava a trabalhar à entrada da sala de inscrições e, pediu-me uma fotocópia do B.I., uma folha de inscrições e o comprovativo de pagamento de propinas do ano passado (papel este que não devia ser necessário para uma faculdade pedir). Fui tirar uma fotocópia do B.I. à reprografia e, dirigi-me ao Banco para pedir o comprovativo. Passado algum tempo à espera, lá me pediram o número de estudante, o número da conta, o nome da conta e, o mais espantoso, perguntaram-me o dia em que tinha pago a faculdade. Claro que eu lhes disse que era impossível para mim adquirir tais dados. Perguntei ao meu pai se tinha o comprovativo, e ele, já habituado a tais complicações causadas pela faculdade, mandou-mo por email.
Dirigi-me à sala de computadores da faculdade, pois os do banco não faziam arrobas. Claro que a minha conta de utilizador não funcionou. Pedi a uma senhora para usar a conta dela, com sucesso. Tentei tirar a fotocópia directamente para a fotocopiadora da sala, mas sem fé que aquilo funcionasse, não funcionou. Sempre preparado para tais problemas na Flul, saquei do meu porta-chaves: uma pen! Que por azar devia estar estragada... Sem desistir pedi ao funcionário da sala dos computadores algo que me pudesse tirar o comprovativo do PC. Ele não me arranjou CDS, pens, cabos de ipods (que um colega meu pediu). Arranjou-me sim, uma disquete! "Ahhh as velhas tecnologias, que maravilha!" Infeliz a minha sorte, que também não quis pôr a disquete a funcionar. "Tenho 10 minutos para comprar a folha de inscrições antes que aquilo feche." Voltei à reprografia, confiando na simpatia das funcionárias para me deixarem usar o e-mail para tirar o anexo. Contente quando elas me deixaram usar o PC, voltei a ficar frustrado quando mais um erro ocorreu. O anexo não abria, nem salvava. Com atenção, olhei para o e-mail, e, uma frase em negrito dizia: Se por acaso o anexo não abrir, volte a entrar com "guardar o nome da conta". Voltei a entrar com "guardar o nome da conta". Não mudou nada... Reparei que dava ver o anexo em baixo: uma imagem minimizada da folha. A funcionária imprimiu-o esperando ajudar-me. A imagem cabia na palma da minha mão. Apesar da minha situação, ri-me perguntando se ela queria meio cêntimo por aquilo. "Que felicidade! Tirei uma fotocópia à borla. A minha sorte vai mudar!"-não pensava eu.
Dirigi-me à loja da faculdade para comprar a folha de inscrições. Só custava quinze euros! Um papel! Claro que eu não tinha quinze euros e tive que ir a um multibanco levantar. Voltei à sala de inscrições e expliquei que tinha tudo menos o comprovativo e disse que ia tirar a fotocópia, lá dentro (porque por sorte também conhecia quem lá trabalhava). Finalmente na sala, pedi ao Pedro para me imprimir o sagrado papel. Finalmente o comprovativo estava nas minhas mãos! De seguida tentei ter cem por cento a certeza de que só me faltava uma cadeira para acabar o curso, era uma dúvida que quase não tinha mas que só confirmar. Que erro! Fiquei à espera que a coordenadora de curso me atendesse. Passados 20 minutos à espera dela, ainda tive mais vinte a descoordenar-me. Como sempre naquela faculdade, no final da conversa, mandou-me ir falar com outras pessoas dizendo que não tinha a certeza de nada. Fui para a fila da secretaria, já á espera do que se iria passar. Também eles não sabiam, nem queriam saber e, mandaram-me falar com a coordenadora de novo ou, com outra pessoa qualquer. Eu também tive vontade de os mandar para muitos sítios... Mas, não o fiz.
Voltei para fazer a minha inscrição (os anos passados fiz no mínimo três vezes cada inscrição) e pedi para me inscreveram em mais cadeiras para ter a certeza de que acabo o curso. O meu alívio foi que encontrei alguém que me voltou a deixar descansado. O Maia, que também era ex-erasmus e que me conseguiu explicar que a minha dúvida não fazia sentido. Penso que se me pagassem para auxiliar alunos da faculdade, conseguiria resolver-lhes imensos problemas pelos quais já passei.
Com as inscrições feitas e dúvidas esclarecidas, fui apanhar o metro. "Vamos lá carregar o passe, pela minha primeira vez, nesta máquina de passes com multibanco"-pensei. Boca! Fiquei sem o multibanco. Claro que a casa dos picas estava encerrada e pedi ao segurança para me ajudar. Mais uma meia hora à espera que viesse uma pica, finalmente abriu-me a máquina estando o tempo todo ao telefone. Voltou a fecha-la como se nada fosse, deixando outras pessoas cometerem o mesmo erro. Por mais mirabolante que pareça, uma colega de faculdade foi roubada pela máquina ao lado um minuto depois e correu para a pica que fugia ao telefone. "Estou com pressa, tenho que ser rápida!"-dizia a pica. Ajudou a minha colega e voltou a pirar-se. Ainda não tinha o meu passe carregado. Desta vez iria levantar o dinheiro e carregar com notas. Por acaso a máquina do multibanco só tinha notas de vinte. Tive que levantar quarenta euros. E por acaso a máquina dos bilhetes não aceitava naquele momento notas de vinte. Bem, só me apetecendo espancar qualquer pessoa á minha frente, fazendo o primeiro massacre do metro de Lisboa, mantive-me calmo e sereno, como se nada fosse. Procurei encontrar a minha paz interior, o meu Zen. Olhei em volta para as pessoas, senti a brisa malcheirosa da corrente de ar do metro na minha cara, tentei mais uma vez enfiar a nota pela quinta posição diferente. Entrou! Só me faltavam pagar oito euros e meio. Voltei a respirar fundo. Na minha cabeça imaginava-me numa ilha deserta com uma piscina. Nadava com dois golfinhos à minha volta. Um panda trazia-me uma bandeja de camarões tigre. Voltei a enfiar a segunda nota. CARAL……... Não entrou.....Juntei os meus trocos e consegui pagar os oito euros e meio que faltavam. Fui para casa tentando evitar fazer fosse o que fosse para não ter mais azares. Agora estou a escrever. Era um grande azar agora, depois de redigir este enorme post, o PC ir abaixo, não era?